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Quais setores serão beneficiados pelo plano Nova Indústria Brasil do governo federal

26.02.2024 | | Notícias do Mercado

Fonte: O Estado de S. Paulo
Data: 23/02/2024

A política do governo federal Nova Indústria Brasil, que prevê financiamento de R$ 300 bilhões para a indústria nacional até 2026, tende a favorecer fabricantes de máquinas e equipamentos. Consequentemente, as siderúrgicas, que estão numa etapa antes nessa cadeia produtiva, também sairão ganhando. Já os bancos mais focados em atacado podem sofrer um vento contrário caso o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ganhe maior relevância com o plano.

Entre os cinco segmentos que receberão incentivos no plano industrial estão máquinas para produção de agricultura familiar e em larga escala; mobilidade elétrica e cadeia de fornecimento de baterias; transformação digital para aumentar a produtividade industrial; bioeconomia, descarbonização e transição energética; e tecnologias para a soberania e defesa nacional.

Nesse cenário, as empresas que devem ser beneficiadas pelo plano estão WEGMarcopolo, Tupy, EmbraerMillsRandon e Aeris, segundo relatórios de Bradesco e XP. “Para a WEG, vemos a empresa potencialmente se beneficiando de múltiplas iniciativas (como ônibus elétricos, automação industrial, energia limpa), enquanto para empresas de Autopeças (como Marcopolo, Randon e Tupy) e Aeris vemos benefícios mais pontuais”, afirmam os analistas da XP Lucas Laghi, Fernanda Urbano, e Guilherme Nippes.

“A siderurgia é uma indústria de base, o que significa que é base para todas as outras indústrias do País. Como o programa visa a beneficiar a indústria como um todo e esses subsetores são clientes em comum das siderúrgicas, então podemos ver uma demanda maior por produtos de aço”, afirma Joubert.

O CEO da GerdauGustavo Werneck, considera que a Nova Indústria Brasil amplia o leque de oportunidades de desenvolvimento da economia do País e de retomada da industrialização nacional, incluindo o setor de aço. “A atividade produtiva brasileira está perdendo relevância e competitividade e não existe um país próspero sem uma indústria forte. Por isso, a nova política industrial é um acerto do governo em fortalecer um setor tão importante e que passa por muitos desafios”, diz o executivo.

Werneck menciona ainda que o financiamento de iniciativas de inovação e tecnologia verde e sustentabilidade podem desempenhar a descarbonização da indústria de aço, vista pelo CEO como um elemento essencial para a redução das emissões do planeta, “pois (a commodity) está presente nas pás eólicas e veículos elétricos, por exemplo, além de ser um material 100% e infinitamente reciclável”.

Junto da Nova Indústria Brasil, Werneck diz ainda que há expectativas sobre o início do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), relançado no ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Com isso, há no âmbito da digitalização um grande empenho em destravar a indústria 4.0, que hoje é utilizada por cerca de 23,5% das empresas do setor, mas que, pelas metas do programa, pode ser implementada por 90% das indústrias, trazendo ainda mais ganhos, criação de novas tecnologias e capacitação profissional”, afirma o executivo.

O ponto de atenção, segundo Joubert, é que ainda há percalços no setor siderúrgico no que diz respeito à importação de aço, que vem crescendo muito. “É um aço que chega mais barato, muitas vezes subsidiado. Então pode ser que essa nova demanda seja atendida por aço importado e não interno”, pondera a estrategista do Inter.

O Citi afirmou, em relatório recente, que a demanda brasileira de aço cresceu 3,7% em 2023, mas que ela foi atendida por importações que aumentaram 50% e fizeram os embarques domésticos recuarem 4%. Para 2024, a expectativa do banco é de que a demanda cresça cerca de 2% em 2024, com os embarques domésticos aumentando em cerca de 3% e a capacidade permanecendo estável.

Bancos de atacado

Já os bancos mais focados em atacado podem ter o novo plano de governo como um vento contrário caso o BNDES ganhe mais relevância, segundo o JPMorgan, com receio de que ocorram distorções no mercado.

Procuradas, CSN e Usiminas não se pronunciaram sobre o assunto.