31.01.2020 | ABIFER | Notícias do Mercado
Companhia controlada pelo grupo Cosan diz estar pronta para um novo ciclo de expansão, no país ou internacional
Dando continuidade ao projeto de internacionalização, após uma parada para integrar os ativos comprados no exterior em 2017 e 2018, a Moove volta-se neste ano para uma nova rodada de aquisições. Já há conversas em curso sobre a retomada de crescimento dentro da companhia, disse ao Valor o presidente da empresa, Filipe Affonso Ferreira. “Em 2020, chegou a hora de voltarmos para o ‘moden’ expansão, sem, no entanto, perder o foco em Brasil, que é a nossa grande operação”, afirmou.
A empresa, terceira maior companhia de lubrificantes do país, tem uma situação financeira confortável, apta a entrar em nova fase de expansão, com foco fora do Brasil. No início do ano passado, recheou o caixa com R$ 562 milhões ao vender uma participação de 30% do capital para um sócio investidor, o fundo britânico de private equity CVC Capital Partners.
Esso, da Exxon Mobil. Junto, o empresário negociou a licença da marca Mobil, para comercializar o produto, herdeou ativos operacionais e criou a Cosan Lubrificantes e Especialidades. Globalmente, atua também com a marca Comma e outras profissionais.
A expansão internacional começou em 2011, com a aquisição dos direitos exclusivos de venda do lubrificante Mobil no Paraguai, Uruguai e Bolívia, passando a exportar o produto para esses países a partir de sua fábrica no Rio, na Ilha do Governador. No ano seguinte, um novo passo: adquiriu a marca Comma na Inglaterra, juntamente com uma fábrica, em Kent, e se expandiu nos mercados europeu e asiático. Em 2016, chegou à Espanha.
Não parou por aí. Outros movimentos de peso para o negócio ocorreram em 2017 e 2018. Foram comprados o WP Group, no Reino Unido, a TTA, na França, a Lubrigrupo, em Portugal, e a Metrolube, nos Estados Unidos. Neste país passou a ser um distribuidor autorizado da Exxon. A empresa também criou a Moove Argentina, que obteve a licença para vender o Mobil no país.
Em 2018, informa Ferreira, a Moove renovou o direito de uso exclusivo da marca por mais 20 anos no Brasil e outros países.
“De 2017 para cá, os investimentos em aquisições e infraestrutura superaram a casa de R$ 400 milhões”, disse o executivo, que assumiu o comando da empresa no início de 2016. O plano, afirma, é tornar a Moove uma referência internacional no negócio de lubrificantes, com uma operação de alto valor agregado.
Com a fábrica brasileira, aliada a um terminal, e a unidade inglesa, a Moove tem capacidade instalada para produzir mais de 400 milhões de litros de óleo e especialidades químicas por ano. A empresa atende os mercados de automóveis e motos, que é um terço do mercado; o comercial (veículos leves, caminhões e ônibus, máquinas de construção e outras) – também um terço da demanda – e a área industrial (nesse segmento, o modelo é o B2B, baseado em performance).
Ferreira disse que a empresa é líder de mercado em produtos sintético e semisintéticos e atua também com lubrificante mineral, utilizado mais pelo consumidor comercial. A Moove concorre com nomes tradicionais nesse negócio – a BR Distribuidora, dono do Lubrax, a Shell, com o Rímola, a Iconic, fusão de Ipiranga e ChevronTexaco, a malaia Petronas, entre outros, de menor peso local, como YPF, Total e Castrol.
De acordo com dados da ANP, agência setorial do setor de petróleo, gás e combustíveis, o mercado de lubrificantes no país – que é disputado por mais de 200 empresas, entre grandes, médias, pequenas e importadores – movimentou 1,42 bilhão de litros de janeiro a setembro. Esse volume foi produzido em mais de 70 unidades fabris, sendo quase 1 bilhão de litros no Rio de Janeiro.
“Desde que foi adquirida, há mais de dez anos, a Moove ganhou dez pontos de participação de mercado”, destacou Ferreira. Na comercialização total do país, conforme o último boletim da ANP sobre o produto, de setembro, a companhia ficou com 15,1% das vendas, atrás de BR e da Iconic, que disputam ponto a ponto a liderança do mercado.
O executivo diz que há espaço para crescer tanto organicamente quanto com aquisições. “Por exemplo, na Europa não estamos no mercado industrial. Estamos começando a trabalhar.”
Segundo dados financeiros divulgados em apresentações do grupo Cosan, de janeiro a setembro de 2019 a Moove obteve receita líquida de R$ 3,14 bilhões – anualizado, esse valor seria da ordem de R$ 4,3 bilhões. “Já somos uma empresa com faturamento na casa de R$ 5 bilhões”, afirmou Ferreira. A receita total de 2018 foi de R$ 3,45 bilhões, com volume vendido globalmente de 346 milhões de litros de óleo. Anualizado, até setembro, 387 milhões de litros. O exterior já responde por metade, ou mais, da receita.
A Moove, diz Ferreira, é hoje uma multinacional brasileira de lubrificantes. “Vivemos os dois últimos anos de muita energia no projeto de expansão e de uma transformação também cultural.” A meta, acrescenta o executivo, é estar presente nas Américas e Europa. A CVC, juntamente com capital para a empresa, trouxe governança para a gestão, atuando via conselho de administração.
No fim de setembro, a empresa tinha dívida líquida de R$ 4 milhões, subtraindo da dívida bruta um caixa de R$ 743 milhões.
Os investimentos em marketing são grandes para manter a visibilidade da marca Mobil. Isso inclui patrocínio de Rubens Barrichello nas corridas da Stock Car e eventos do mercado comercial, como programas de TV voltados para os caminhoneiros.
Distribuição de combustíveis e lubrificantes estiveram no começo da diversificação da Cosan, com a aquisição da Esso. Depois, o grupo avançou em logística de açúcar e etanol, criou a Rumo e três anos depois a Raízen (combustíveis e energia) numa joint venture com a Shell. A seguir, a compra de Comgás (gás natural canalizado) a incorporação da ALL na Rumo (ferrovia e porto). Em 2018, a Raízen ficou com a Shell Argentina (atividades de refino e combustível).
Fonte: Valor
Data: 31/01/2020