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Autoridade Portuária aponta gargalo para escoamento de cargas em Santos

23.10.2023 | | Notícias do Mercado

Fonte: Diário do Litoral
Data: 19/10/2023

O presidente da Autoridade Portuária de Santos e ex-secretário de Justiça de São Paulo, Anderson Pomini, avalia que o principal gargalo do Porto de Santos é a dificuldade no escoamento das cargas, especialmente grãos. Ele defendeu novos investimentos em modais por terra, água e trilhos, destacando ainda que as obras do futuro túnel na ligação entre Santos e Guarujá será importante para a logística local. Pomini também se colocou contra a privatização do porto. As declarações foram dadas durante entrevista ao consultor e analista político Wilson Pedroso, durante o Política Real Podcast.

“O porto de Santos funciona muito bem para a recepção de produtos e a expedição, ou seja, o canal. Os navios contam com uma infraestrutura absolutamente moderna, que concorre com qualquer outro porto do mundo. (…)  Nosso gargalo está na ausência de modais para o escoamento dos produtos para o interior do país”, disse Pomini.

Durante a conversa com Wilson  Pedroso, que foi secretário Particular do Estado de São Paulo entre 2019 e 2022,  Pomini se colocou contra a privatização do Porto de Santos. “Frequentemente eu recebo alguns operadores que defendem a privatização. E aí eu questiono: ‘escuta, mas o que que a gente poderia fazer que privado lhe oferece?’ E aí, muitas vezes eles não entendem, porque eles estão presos numa pauta ideológica de esquerda e direita. A gente precisa superar essa questão”, ponderou.

Anderson Pomini destacou que o problema do porto é a logística do escoamento e explicou que 70% dos produtos que chegam e saem do Porto de Santos são escoados pela malha rodoviária, sendo que apenas 30% utilizam o modal ferroviário. “Nós batemos recordes, recordes de produção de grãos, comodities. Somo os maiores exportadores de soja e, agora, de milho; passamos os americanos. E tudo pelo porto de Santos. Então, veja, a dificuldade é: nós precisamos construir novas rodovias, investir em ferrovias e no modal hidroviário para que a gente tenha competividade”, afirmou.

O presidente da Autoridade Portuária de Santos disse que o futuro túnel de ligação entre Santos e Guarujá deverá ter impacto positivo no gargalo de logística enfrentado pelo porto: “O túnel tem a ver com isso, porque o túnel é uma obra com características de operações portuárias. Não é simplesmente ligarmos uma cidade a outra”. Ele ainda comentou o modelo de financiamento da obra: “Será uma obra com aporte do governo federal, do próprio porto, da empresa pública federal, com participação do privado. Essa percentagem será decidida quando do leilão. Então o formato é esse, uma PPP”, pontuou.

Pomini disse que, para avançar com as definições sobre o traçado do túnel, criou uma comissão que inclui entidades representativas da sociedade civil e moradores locais. Um dos pontos que contribuiu para os entendimentos foi a exclusão da necessidade de desapropriação de imóveis. Para o futuro, ele defendeu abertura de diálogo com o Governo de Tarcísio de Freitas.

“O Governo do Estado possivelmente participará conosco da construção desse túnel então é importante que o Governo do Estado também faça a adesão e compartilhe, dialogue. Falta diálogo na administração pública. Quando a gente fala em problema de logística, o cidadão que pega duas, três horas de fila para descer pela Anchieta, ou quando chega em Santos, que fica travado no bairro da Alemoa, ele não quer saber se a responsabilidade é do governo federal, municipal ou estadual. Ele quer ter comodidade”, concluiu.